1. Abelhas robôs (3ª temporada)
Não, Black Mirror não inventou o problema: as abelhas realmente estão sumindo,e exatamente pelo motivo que a série explica – a desordem de colapso de colônia (elas simplesmente abandonam as colônias e morrem, ninguém sabe o por quê).
Hoje, as abelhas ainda existem, mas estão em grave risco de extinção. Para contornar isso, um grupo de cientistas de Harvard já está trabalhando em uma abelha robô de 3 cm, que, assim como na série, ajudaria na polinização e evitaria um colapso mundial do ecossistema.
Por enquanto, o robozinho – batizado de RoboBee – ainda tem problemas para voar, gasta muita energia (e não cai por aí matando pessoas), mas os cientistas dizem que estão mais perto do que nunca de criar um modelo eficiente de simulação do voo das abelhas.
2. Casa inteligente (Especial de Natal)
Imagine a cena: você está triste depois de um dia super difícil de trabalho. Você chega em casa, abre a porta e, na cozinha, um café fresquinho está passando – o cheiro te leva direto para as lembranças confortáveis da sua infância. Lar doce lar.
Sim, isso já é uma realidade: esse ano, cientistas do MIT criaram uma inteligência artificial capaz de ler emoções e de interagir com elas, transformando o ambiente em que você está. Bem parecido com o especial de Natal da série (vamos esperar que, nessa inteligência artificial, não exista seu clone digital escravizado, como rola na série).
3. Upload de consciência (3ª temporada)
Já existem pessoas trabalhando em uma maneira de transferir a consciência humana para um computador (ou para outro corpo, menos frágil do que esse aí que você está usando agora). Um desses caras é o bilionário russo Dmitry Itskov, que, pelo menos desde 2013, tem investido um pedaço grande de sua fortuna em pesquisas sobre o upload de mentes.
Se o cara é maluco ou não, a gente não sabe, mas tem gente importante que apoia essa teoria – como Ray Kurzweil, cientista e engenheiro do Google que acha que a gente será capaz de fazer isso já em 2045. Vai saber.
4. Chatbot (2ª temporada)
Em Black Mirror, uma mulher que acabou de perder o marido em um acidente de carro tenta lidar com a saudade usando a tecnologia. No início, ela usa um chatbot – uma inteligência artificial que consegue conversar com você a partir de um banco de dados, e que vai aprendendo conforme a conversa vai avançando.
Isso já existe, inclusive para conversar com os mortos: esse ano, uma engenheira russa chamada Eugenia Kuyda criou um aplicativo chamado Luka, idêntico ao serviço da série. Para isso, a estratégia foi a mesma: Eugenia usou as mensagens e posts das redes sociais de um amigo morto, Roman Mazurenko, para criar um banco de dados a partir do qual a inteligência artificial se alimenta para bater papo com qualquer pessoa. Agora, você pode “conversar” com Roman baixando o aplicativo.
5. Robôs parecidos com seres humanos (2ª temporada)
Na série, a mesma mulher que perde o marido, no item aí em cima, dá um passo além do chatbot: ela compra um robô realista, idêntico ao marido morto. Na vida real, já existem projetos de androides que sejam indiferenciáveis dos seres humanos – e, embora isso ainda não seja possível, a gente já avançou muito nesse sentido: esse ano, um cara criou uma Scarlet Johansson robô que sabe conversar, tem várias expressões faciais e até pisca, flertando com o interlocutor.
Se você acha isso loucura, fique sabendo que, para uma boa parte das pessoas, a possibilidade de conviver com robôs ultra parecidos com humanos não assusta: pelo menos 25% dos jovens namorariam um androide, se fosse impossível notar a diferença.
6. Lentes de contato de realidade aumentada (todas as temporadas)
Imagine se os seus olhos pudessem filmar, fotografar, passar filmes só para você, mostrar informações sobre as pessoas ao seu redor, analisar o ambiente e, de quebra, transformar a realidade em jogo. Em Black Mirror, as pessoas têm implantes cerebrais que mudam a realidade exatamente desse jeito – e na vida real não estamos tão distantes disso.
Esse ano, a Samsung registrou uma patente para a produção de lentes com microcâmeras integradas e conexão wi-fi, que seriam controladas a partir do seu smartphone e que possibilitariam uma experiência de realidade aumentada online, idêntica à da série. Já o Google foi mais fundo (literalmente) e prometeu um chip injetável para os olhos humanos, com as mesmas funções das lentes da Samsung (só que, né, quem é que gostaria de ser cobaia para isso aí?).
7. Hackers filmando todo mundo (3ª temporada)
Uns amigos seus comentam que te viram em um site de pornografia. No vídeo, o ângulo parece assustadoramente com o da sua televisão… A história aconteceu com um casal, não em Black Mirror, mas na Inglaterra da vida real.
E não teve uma grande conspiração: um hacker, provavelmente entediado, quis testar os frágeis limites da segurança das Smart TVs, com câmera e microfone para responder aos comandos visuais e auditivos dos donos. Acabou dando de cara com a festinha privada no sofá.
Não é à toa que os chefões da tecnologia cobrem suas câmeras com fita adesiva. Com a Internet das Coisas crescendo tão rápido, um wi-fi pouco protegido significa uma casa inteira vulnerável a ataques de hackers. Para se proteger de uma ameaça a la Black Mirror, um bom começo é atualizar o sistema de proteção da sua internet sem fio para o protocolo de WPA2, bem mais difícil de invadir.
8. Uma mente sem lembranças (todas as temporadas)
São muitos os episódios da série que brincam com a memória dos personagens e, por consequência, com a do público também. A manipulação das lembranças já é real – pelo menos para ratos. Manipulando um neurotransmissor, a acetilcolina, cientistas conseguiram fazer com que as memórias assustadoras dos bichinhos fossem apagadas. Os pesquisadores também acham que são capazes de esticar memórias selecionadas para durarem o máximo possível. Com isso, dá para fazer você esquecer onde está, quem são as pessoas te perseguindo e que você se inscreveu em um programa bem psicopata de genocídio, por exemplo.
9. Supersoldados (3ª temporada)
Falando em genocídio e Black Mirror, a engenharia emocional aplicada para uso militar não é exclusividade da série. A ciência já acredita que é possível apagar os rastros que o medo deixa na nossa mente – e com ele vão embora as fobias, o estresse pós-traumático e as consequências emocionais de participar de situações terríveis como as guerras.
Mais que isso, o laboratório do Pentágono – de onde vieram a internet e o GPS –já trabalha há anos com aparelhos de estimulação magnética que conseguem instigar ou suprimir emoções em pleno campo de batalha.
10. Ranking de pessoas (3ª temporada)
No mundo que Black Mirror apresenta na estreia da terceira temporada, as pessoas são avaliadas a cada serviço prestado e consumido, a cada interação, a cada foto postada. O dia a dia é uma avaliação gamificada constante. Parece terrível pensar que tudo que fazemos pode ser resumido em um número, certo?
Bom, hoje em dia muita coisa já funciona assim. Notas altas abrem portas e oferecem serviços bem melhores que as notas baixas: é o chamado score de crédito, cálculo feito por bancos e empresas de cartão de crédito para avaliar se alguém deve ou não um empréstimo ou financiamento, qual o valor máximo para aquela pessoa e qual será a taxa de juros. O objetivo é evitar emprestar para quem tem risco de não pagar.
Assim como em Black Mirror, as redes sociais já têm um grande papel nesse ranking. Várias empresas de análise de crédito levam em conta todas as informações sobre o cliente que elas puderem encontrar na internet. Isso inclui não só os dados básicos no Facebook, mas o que a pessoa posta e aquilo que ela curte. Segundo a Forbes, um funcionário chegou a dizer que “olhar o número de vezes que uma pessoa diz ‘bêbado’ no seu perfil pode ajudar a prever se ela vai pagar ou não as suas dívidas”.
A China quer elevar o nível desse ranqueamento e criar um sistema de crédito social. O ranking mede quanto um cidadão é “confiável”. Com base no desempenho político, social e comercial de uma pessoa, ela ganharia uma pontuação, refletindo toda a informação individual disponível sobre ela no mundo real e na internet. O plano ainda não está completamente delineado, mas tentativas anteriores já beneficiaram cidadãos por bom comportamento e puniram as infrações, como ultrapassar o sinal vermelho. O resultado eram chineses classe A – com acesso pleno à infraestrutura estatal e incentivos do governo a novos negócios, por exemplo – e os cidadão classe D, que tinham dificuldade até para conseguir emprego. Tudo por uma “sociedade socialista perfeitamente harmônica”.
Fonte: Super Interessante/ Abril/ Série Black Mirror
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